sexta-feira, 12 de julho de 2019



Hoje disseram-me: Tu estás doente!
e pela enésima vez fui ao tapete…
conversar com esta dor que me desnuda.
A Vida! ensina-te que ou você muda
ou tudo, eventualmente, se repete…
sendo o amor a doença que te cega a mente.


Círculos,
viciosos,
que te algemam o sentir.
Caminhos,
tortuosos,
que te ajudam a seguir.

Amar!!!

Porque fazes desse lugar remoto um caso?
Porquê? Não consegues adivinhar?

Quiçá, porque Amar é muito mais que afetos do acaso.

Nuno Freitas - "Afetos circulares do acaso"

quinta-feira, 14 de março de 2019

Quando um poema te faz chorar


Quando um poema te faz chorar,
e tu abraças a morte em Vida,
sabes que perdeste o teu lugar
sem perceberes a razão da caída.

Quando um poema te faz chorar
ao leres que o amor não tem saída,
começarás, tristemente, a acreditar
no significado da palavra partida.

Quando um poema te fez chorar
...
Quando um poema te fizer chorar,
...
Descobrirás a volúpia do Amar

Nuno Freitas - Quando um poema te faz chorar

domingo, 30 de dezembro de 2018


A minha alma ecoa de um vazio barulhento
e o meu coração entristece-se pela mentira,
de viver na verdade essencial do momento,
que a Vida me inflinge no karma da sua ira.

São patamares percorridos pelo sentimento
que me pisam a esperança de sobremaneira.
São mais que apenas dores de crescimento,
são feridas abertas cobertas pela cegueira.

E assim se sobrevive nesta tristeza ancorada
num sorriso púnico e hipócritamente gratuito
que me recorda o tudo através da luz do nada.

Mas eu não quero parar nesse degrau fortuito.
Quero levantar vôo e olhar, do alto, a escada,
porque Eu... Eu, infelizmente, Sinto Muito!

Nuno Freitas - Tristeza ancorada

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Aqui não há mais nada



Disse-lhe: “Aqui não há mais nada”
entre sorrisos fortalecidos pela dor.
Ela sorriu, de sarcasmo, imaculada
com aquele seu jeito regozijador.

“Não percebi” replicou atrapalhada
perante a sua “branca” digna de ator.
Para na repetição da frase reiterada
corar de malícia sem qualquer pudor.

A Vida é perversa na sua graça peculiar
quando utilizas expressões idiomáticas
para nelas te conseguires manifestar.

E nos delírios destas dores ciáticas
dei por mim, no vazio, a “Caçar no ar”
a fantasia de tais agitações lunáticas.


quinta-feira, 5 de julho de 2018

Não há dia...


A saudade que o vazio, do teu corpo, enlaça
quando dos meus braços resolveste partir,
é tranquilizada por esse sorriso que abraça
a alma deste ser arrebatado pelo teu existir.

Admiro-te para além do que consigo esgrimir
na mensagem que neste soneto se esvoaça.
Tornando-te Tudo na ausência desse sorrir
quando no adeus o teu cheiro se esfumaça.

Não há dia que não te ame até ao infinito.
Não há dia que não questione alguma ação.
Falar-te, asperamente, deixa-me só e aflito

perante a dor expurgada pela voz da razão.
Mas Tu… já deixaste de ser o meu favorito
para passares a ser o bater do meu coração.

Amo-te Filho!

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Ser Fisioterapeuta


Ser Fisioterapeuta é aprender a ouvir,
na suavidade dos dedos de uma mão,
as inquietações de um tendão a carpir
bramidos jorrados pela dor do coração.

É saber auscultar muito mais que o sentir
daquele que se entrega com expectação.
É um acreditar que se tem de transmitir
no vigor de uma fé vestida de dedicação.

Ser Fisioterapeuta é uma especialidade
que vai para além da técnica induzida.
É saber lidar com a psicologia da idade

num masoquismo que se auto convida.
Ser Fisioterapeuta é oferecer liberdade
fazendo da esperança um modo de Vida.


terça-feira, 27 de março de 2018

Nunca devemos atrasar o caminho de ninguém


A Vida é um espaço magnífico ludibriado pela ilusão,
e quiçá por isso uns amam na liberdade do não ter
enquanto outros se pregam à âncora do não perder,
quando, no fundo, apenas lhes restará a desilusão.

A desilusão de um livre arbítrio que lhes diminui o ser
na ânsia de que o tempo os ajude a validar a decisão,
ou a pura ilusão de que a cada, sonhador, amanhecer
ele os encaminhe perante as vicissitudes do coração.

Nunca devemos atrasar o caminho de ninguém
por mais apego que o nosso egoísmo emocional
sinta perante a dor de, no amor, ficarmos aquém.

Devemos sim, amar-nos e assim, amar sem desdém
aqueles que se cruzam nesta quimera existencial
e legar-lhes o sonho de, connosco, sentirem-se bem.